Uma linha do tempo dos principais acontecimentos dos 40 anos de guerras no Afeganistão
KABUL, Afeganistão (AP) – A antiga União Soviética marchou para o Afeganistão na véspera de Natal de 1979, afirmando ter sido convidada pelo novo líder comunista afegão, Babrak Karmal, colocando o país num caminho de 40 anos de guerras e conflitos aparentemente intermináveis.
Mais de 5 milhões de afegãos fugiram para o Paquistão e 3 milhões para o Irão depois de 1980, e hoje, os afegãos ainda constituem a segunda maior população de refugiados do mundo. Após os ataques terroristas de 11 de setembro nos Estados Unidos, os EUA invadiram o Afeganistão para expulsar o regime talibã, que tinha abrigado o líder da Al-Qaeda Osama bin Laden.
Agora, após 18 anos de guerra, surgiu a possibilidade de paz quando os Estados Unidos e o Talibã assinaram um acordo de paz no sábado, um acordo que poderia oferecer um vislumbre de esperança aos afegãos cansados da guerra.
Aqui está uma linha do tempo com algumas datas-chave nos 40 anos de guerras do Afeganistão:
25 de dezembro de 1979 – O Exército Vermelho Soviético atravessa o rio Oxus no Afeganistão. No vizinho Paquistão, os mujahedines afegãos, ou guerreiros santos islâmicos, estão se reunindo, armados e financiados pelos EUA para uma guerra anticomunista.
1980s – A operação secreta da CIA Cyclone funciona armas e dinheiro para a guerra através do ditador paquistanês Mohammed Zia-ul Haq, que apela aos países muçulmanos para que enviem voluntários para lutar no Afeganistão. Bin Laden está entre os milhares de voluntários.
1983 – O Presidente Ronald Reagan reúne-se com líderes mujahedeen, chamando-os de combatentes da liberdade, na Casa Branca.
Setembro de 1986 – Os EUA fornecem aos mujahedeen mísseis Stinger antiaéreos de ombro, que deram a volta ao curso da guerra e aceleraram a retirada soviética negociada.
Janeiro de 1987 – O presidente comunista afegão Najibullah lança o Programa de Reconciliação Nacional para encorajar os mujahedeen a juntarem-se a um novo governo de reconciliação nacional; eles recusam.
Fev. 15, 1989 – O último soldado soviético deixa o Afeganistão, terminando 10 anos de ocupação
Abril de 1992 – Os grupos mujahedeen entram em Cabul enquanto o Najibullah tenta fugir. Ele é detido no aeroporto e colocado sob prisão domiciliar num complexo da ONU.
1992-1996 – Um acordo de partilha de poder entre sete líderes mujahedes desmorona e eles passam quatro anos lutando entre si; grande parte de Cabul é destruída e quase 50.000 pessoas são mortas.
1994 – Os Talibãs emergem no sul de Kandahar, principalmente das fileiras de antigos combatentes mujahedes. Eles tomam conta da província, estabelecendo uma regra aderindo a uma interpretação estrita do Islão.
Set. 26, 1996 – Os Talibãs tomam Cabul depois de varrerem o país com quase nenhuma luta; o líder tajique da Aliança do Norte Ahmed Shah Masood e suas forças recuam para o norte em direção ao Vale Panjshir. Os Talibãs enforcam Najibullah e seu irmão.
1996-2001 – Embora inicialmente acolhido como um fim da luta, o Talibã governa com mão pesada sob o Mullah Mohammed Omar, impondo rigorosos éditos islâmicos, negando às mulheres o direito ao trabalho e às meninas o direito de ir à escola. Castigos e execuções são realizados em público.
2000 – O Taliban erradica a produção de ópio mas os trabalhadores que viviam dos campos de papoilas tornam-se ainda mais pobres.
Março 2001 – O Taliban dinamita as maiores estátuas de Buda em pé do mundo na província de Bamyan, para choque global.
Set. 9, 2001 – Dois bombistas suicidas de língua árabe, fazendo-se passar por jornalistas com passaporte belga, matam Masood na província de Takhar, dois dias antes dos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001.
Setembro de 2001 – Washington dá ao Mullah Omar um ultimato: entregar Bin Laden e desmantelar campos de treino militantes ou preparar-se para ser atacado. O líder talibã recusa-se.
Out. 7, 2001 – Uma coligação liderada pelos EUA lança uma invasão do Afeganistão.
Nov. 13, 2001 – Os Talibãs fogem de Cabul para Kandahar como os EUA -liderou as marchas da coalizão na capital afegã com a Aliança do Norte.
5 de dezembro de 2001 __ O Acordo de Bonn é assinado em Bonn, Alemanha, dando a maioria do poder aos principais atores da Aliança do Norte e fortalecendo os senhores da guerra que haviam governado entre 1992 e 1996. Hamid Karzai, uma etnia Pashtun como a maioria dos Talibãs, é nomeado presidente.
Dez. 7, 2001 – O Mullah Omar deixa Kandahar e o regime Talibã entra oficialmente em colapso.
13 de dezembro de 2001 – Karzai chega a Cabul; ao contrário do Acordo de Bonn, milícias leais aos senhores da guerra também entram na capital afegã.
22 de dezembro de 2001 – Karzai toma posse como presidente de um conselho de 29 membros estabelecido sob o Acordo de Bonn.
2004 e 2009 – São realizadas eleições gerais e Karzai é eleito presidente por dois mandatos consecutivos, o limite sob a constituição afegã.
5 de abril de 2014 – Resultados eleitorais profundamente errados nos dois primeiros colocados, Ashraf Ghani e Abdullah Abdullah, ambos reivindicando a vitória. O secretário de Estado americano John Kerry negocia um acordo de partilha de poder para um governo chamado de Unidade, com Ghani como presidente e Abdullah como chefe executivo.
8 de dezembro de 2014 – As tropas americanas e da OTAN terminam formalmente a sua missão de combate, fazendo a transição para um papel de apoio e treinamento, embora o presidente Barack Obama tenha autorizado os EUA.Forças dos EUA a realizar operações contra alvos do Talibã e da Al Qaeda.
2015-2018 – O Talibã aumenta ainda mais, encenando ataques quase diários contra as forças afegãs e americanas; dezenas de civis morrem no fogo cruzado. Um grupo estatal islâmico afiliado emerge no leste; o Talibã toma o controle de quase metade do país.
Setembro de 2018 – Procurando cumprir sua promessa eleitoral de trazer tropas americanas para casa, o presidente Donald Trump nomeia o veterano diplomata afegão-americano Zalmay Khalilzad como negociador com o Talibã.
2018-2019 – Zalmay se envolve em conversações com o Talibã, principalmente no estado árabe do Golfo do Qatar, onde os insurgentes mantêm um cargo político. Os Talibãs recusam-se a negociar com o governo de Cabul
Set. 9, 2019 – Após uma escalada particularmente intensa dos ataques Talibãs, incluindo um bombardeio em Cabul que matou um soldado americano, Trump sucata as conversações com o Talibã.
Set. 28, 2019 – As eleições presidenciais são realizadas mas os resultados oficiais não são conhecidos por meses.
Nov. 24, 2019 – Trump visita as tropas americanas no Afeganistão no Dia de Ação de Graças, diz que o Talibã quer fazer um acordo e sinaliza que as negociações do Qatar estão de volta.
Fev. 15, 2020 – Washington diz que uma “redução temporária da violência” foi acordada com o Talibã como o primeiro passo para um acordo de paz final.
18 de fevereiro de 2020 – A comissão eleitoral do Afeganistão declara Ghani o vencedor oficial das eleições de setembro; seu rival Abdullah se recusa a reconhecer os resultados e em vez disso se declara o vencedor.
29 de fevereiro de 2020 – Os EUA e os Talibãs assinam um acordo em Doha, no Qatar, que prevê a retirada das tropas americanas do Afeganistão; o acordo também prevê conversações intra-Afeganistão sobre um futuro roteiro político.