Porque o Dia dos Mortos não é 'Mexicano Halloween'

Nov 23, 2021
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Estilo de Vida

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Jeremiah Rodriguez
CTVNews.ca Escritor

Publicado Nov. 1, 2019 11:10 p.m. ET
Atualizado 2 de novembro de 2019 8:00 a.m. ET

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TORONTO — El Día de los Muertos — ou Dia dos Mortos — não é Halloween mexicano. Há alguns trajes, há esqueletos e isso acontece por volta da hora do Halloween, mas não.

O feriado, com origem em rituais pré-colombianos da Mesoamérica no sul do México, reúne observadores para celebrar e honrar a vida de familiares e amigos falecidos.

Entre 31 de outubro e 2 de novembro, ruas, casas e espaços públicos de cidades mexicanas são forrados com guirlandas (ou faixas) coloridas e intrincadas feitas de papel e flores. Durante os desfiles e festivais, os observadores se vestem de macabro, mas colorido, com pintura e figurinos esqueletos.

El Día de los Muertos – em 2 de novembro – é o culminar de uma série de celebrações, com alguns dias honrando especificamente as pessoas que morreram por suicídio, como crianças, ou em acidentes.

“(O último dia) acaba sendo um pouco uma festa com as famílias passando um tempo no cemitério, nas lápides de seus entes queridos”, disse Berenice Villagomez, coordenadora de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Toronto, ao CTVNews.ca em uma entrevista por telefone.

Na preparação para o dia, os observadores constroem ofrendas – ou altares – como memoriais coletivos cheios de retratos daqueles que passaram, pães doces, velas e pratos que eles apreciaram na vida. Villagomez explicou que diferentes regiões destacam suas próprias refeições.

Observadores acreditam que durante esta parte do ano, os amados podem voltar do Chicunamictlán — a terra dos mortos — porque a fronteira entre o mundo real e o espiritual se derrete.

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ALTARES CONSTRUÍDOS A HONRA MORTA, VOLTAREM A VOLTAR

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Dia dos Mortos na Cidade do México >

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Um homem arranja esqueletos num dia do altar dos Mortos na Cidade do México em 31 de Outubro de 2017. (AP / Rebecca Blackwell)

Os ofrendas — tipicamente montados nas casas das pessoas ou em sepulturas — contêm itens para “recebê-los de volta à terra”, disse o professor de história da Universidade de Regina, Scarlet Munoz Ramirez, em uma entrevista por telefone. “Acredita-se que as pessoas que tentam se aproximar de seus entes queridos falecidos”

Pétalas de flores de calêndula, por exemplo, ajudam a guiar os mortos, com garrafas de tequila e Atole (uma bebida tradicional à base de milho) sendo oferecidas como forma de guiar os entes queridos falecidos para a terra dos mortos.

Ramirez, especialista em história colonial mexicana, observa que as ofrendas são tipicamente uma mistura de símbolos indígenas e católicos, como estátuas da Virgem Maria e crucifixos.

Em partes da América Latina, o Día de los Muertos é marcado com famílias lembrando os mortos com piqueniques de sepulturas, vigílias noturnas e reuniões de oração.

“Para mim me faz sentir muito feliz em ver que é mais comum – especialmente quando as pessoas aprendem sobre os antecedentes disso”, disse Ramirez.

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ORIGINS STEMMED FROM AZTECS, NAHAU PEOPLE

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dia dos mortos

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Pessoas passam sob um arco feito de uma escultura de crânio em Chapultepec, México, 31 de outubro de 2019. (AP Photo/Marco Ugarte)

Uma das primeiras origens da tradição pode ser traçada desde os rituais de 2.000-3.000 anos de idade que honram os mortos na Mesoamérica pré-colombiana.

Os nahau e os mexicanos, povos astecas – que também incorporaram os costumes de outros grupos indígenas regionais – acreditavam que a morte fazia parte da visão cíclica do universo.

Villagomez explica que os indígenas acreditavam que os mortos iam para a terra dos mortos, mas passavam anos chegando ao seu lugar de descanso. Ela observa que os rituais originalmente ocorriam em agosto e celebrava a deusa asteca do submundo, Mictecacíhuatl.

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Os membros vivos da família deixavam água e comida de fora para ajudar os mortos a chegar ao seu lugar de descanso final – que é o que inspirou as ofrendas contemporâneas.

Então, quando os colonizadores espanhóis chegaram à região, eles levavam feriados católicos do Dia de Todos os Santos e Dia de Todas as Almas, celebrados nos dois primeiros dias de novembro. “(Dia dos Mortos) foi movido para corresponder mais próximo a esses dias”, explicou Villagomez.

Durante esses dias, os crentes cobriam as sepulturas com velas e flores para acenar os mortos de volta aos vivos. Desde então, o dia 1 de novembro tornou-se o dia para honrar as crianças mortas, com 2 de novembro, o dia em que as famílias vão aos cemitérios e limpam as lápides dos entes queridos.

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O ‘COCO,’ ‘SPECTRE’ PROPELLADA HOLIDAY TO MAINSTREAM

Coco

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Esta imagem lançada pela Disney-Pixar mostra uma cena do filme de animação, “Coco”. (Disney-Pixar via AP)

Tradicionalmente, o Dia dos Mortos só era celebrado em áreas rurais, indígenas no sul do México, mas no final do século XX – os anos 80 – começou a se espalhar para outras cidades.

Em 2008, a UNESCO acrescentou a “festa indígena dedicada aos mortos” do país à sua lista do chamado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

Mas Villagomez ressaltou que não era necessariamente celebrado como feriado nacional até mais recentemente. E muito disso teve a ver com não-mexicanos tomando nota.

Day of The Dead iconography tem sido apresentado na cultura pop não-latinx convencional, incluindo o filme “Spectre” de James Bond de 2015 e o programa de TV de curta duração da SYFY “Deadly Class”.

O ano após o filme Bond, a Cidade do México realizou o seu primeiro desfile do Dia dos Mortos, aponta Ramirez. Em 2017, celebrações similares em várias cidades dos EUA, como Los Angeles, San Antonio e Fort Lauderdale, Fla.

Mas, sem dúvida, um dos exemplos mais proeminentes foi o filme “Coco” da Disney, vencedor da Academia de 2017. O filme de animação – inspirado nas celebrações mexicanas e na arte popular – seguiu a história de um rapaz de 12 anos que acidentalmente ficou preso na Terra dos Mortos.

O filme se baseia na tradição Maia das três mortes, incluindo a morte física, a alma sem ligação do corpo e os entes queridos vivos esquecendo os mortos.

“Tanto ‘Spectre’ como ‘Coco’ de forma rotunda trouxeram a tradição (do Dia dos Mortos) a todo o México”, disse Villagomez. “Eles moldaram a recepção do (do feriado)”

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Aquele só advertiu contra os não-mexicanos abraçarem os trajes sem olhar para o significado do feriado. “Recordar as suas raízes nunca é uma coisa ruim — os seus antepassados e de onde você é”, disse ela. “Mas as pessoas devem perceber o que é.”

IMAGENS RELACIONADAS

Artistas fantasiados participam num desfile do Dia dos Mortos na Cidade do México, domingo, 27 de Outubro de 2019. O desfile de domingo marca o quarto ano consecutivo em que a cidade toma emprestado adereços da cena de abertura do filme de James Bond, “Spectre”, no qual o personagem título de Daniel Craig usa uma máscara de caveira enquanto atravessa uma multidão de foliões. (AP Photo/Ginnette Riquelme)

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