O cárdia: esofágico ou gástrico? Revisão crítica da anatomia e histopatologia da junção esofagogástrica
Fundamentação: Existe discrepância em relação à alocação anatómica da cárdia: esofágica ou gástrica. Com esta revisão pretendemos esclarecer esta questão.
Métodos: Usando PUB MED, Scopus e Google analisamos a literatura recente (1889-2012) a respeito da cárdia “esofágica” vs. “gástrica”.
Resultados: O uso sinônimo do termo cárdia para descrever o mecanismo anti-refluxo dentro da porção distal do esôfago e do segmento proximal do estômago alimentou o equívoco, de que a cárdia representa uma estrutura anatômica normal interposta entre o esôfago tubular e o corpo do estômago. Estudos anatômicos, histopatológicos e fisiológicos revelaram que o que foi tomado para a cárdia gástrica representa, de fato, o refluxo danificado no esôfago distal dilatado (DDE). Como a DDE é coberta pelo esôfago colunar revestido (LEC), ela não pode ser diferenciada do estômago proximal durante a endoscopia regular. No entanto, a histopatologia das biópsias multiníveis obtidas da junção esofagogástrica endoscopicamente suspeita (JE) serve para alocar a origem do antebraço colunar, esofágico (cardíaco, mucosa oxintocardíaca, metaplasia intestinal) vs. gástrico (mucosa oxíntica).
Conclusões: Nem o esôfago nem o estômago contêm uma “cárdia”. Os recentes equívocos a respeito da anatomia do antebraço explicam por que a cobertura mais interna do esôfago danificado pelo refluxo é chamada de “mucosa cardíaca”. Assim, o termo deve ser reservado para designar a histopatologia da mucosa cardíaca e oxintocardíaca, que se desenvolve devido ao refluxo gastroesofágico dentro do esôfago distal.